22º Dia – Oremos pelos Imigrantes em Portugal!

17 04 2011

Portugal tem aproximadamente 10.698,888 habitantes e quase meio milhão de Imigrantes legais. Em 1990 residiam em Portugal 107.767 estrangeiros, em 2000 passaram a ser 207.587. No ano de 2009, o último disponibilizado pelo SEF, viviam em território português 454.191 estrangeiros. Mas acreditamos que estejam cá muito mais, uma vez que o SEF registra apenas os imigrantes já legalizados. Alguns crêem, que pelo menos 10% da população seja efectivamente, de imigrantes. Deste número, as comunidades mais representativas são a brasileira, a cabo-verdiana e o contingente de imigrantes dos países de leste, com predominância para os ucranianos.

 OS PARTIDOS TEM OPINIÕES DIFERENTES SOBRE “O QUÊ” DEVE-SE FAZER COM OS ESTRANGEIROS

 Em Portugal, da esquerda à direita, existem diversas visões e argumentações no que diz respeito às políticas de imigração. Desde a “igualdade” entre portugueses e imigrantes, proposta pelo Bloco de Esquerda, até ao repatriamento imediato de todos os clandestinos para os seus países de origem, sugerido pelo PNR (Partido Nacional Renovador), o que não faltam são propostas para o problema da imigração.

 À esquerda, o Bloco defende uma “nova política de imigração” que passe pela regularização dos clandestinos e a legalização dos imigrantes, com todos os direitos e deveres, a atribuição direito de voto a todos os imigrantes que estejam em Portugal há mais de três anos, bem como, a concessão de autorização de residência aos actuais portadores de autorização de permanência, extinguindo-se esta última categoria. Por outro lado, o BE (Bloco de Esquerda) recusa qualquer tipo de políticas de criminalização da imigração, como as adoptadas, em Itália, pelo governo de Berlusconi.

 O PCP (Partido Comunista Português) não tem uma posição tão taxativa quanto a do Bloco de Esquerda, porém, os comunistas apontam a sua acção política para o mesmo sentido que os bloquistas, ou seja, pretendem a legalização dos imigrantes e das suas famílias, a equiparação ao nível de direitos entre trabalhadores portugueses e estrangeiros. Ao nível das prestações socais, o Partido Comunista defende uma maior abrangência para os imigrantes, como forma de os ajudar na inserção social. O partido liderado por Jerónimo de Sousa demonstra-se, ainda, desfavorável a um sistema de quotas que, segundo os comunistas, cria marginalização social, exploração desenfreada e constante violação dos direitos humanos.

 À direita, o CDS (Centro Democrático Social, partido Popular) pretende uma resposta comum ao nível dos Estados-membros da União Europeia, defendendo que a “Europa deve ser aberta mas deve regular a imigração”. Isto significa dizer que a política de imigração deve atender ao desenvolvimento económico e demográfico, bem como às capacidades de recepção e, por fim, às ligações com cada um dos países de origem das comunidades imigrantes. Defendem um controlo rigoroso da entrada, saída e permanência de cidadãos estrangeiros, assim como, a criação de Gabinetes de Informação e Apoio ao Imigrante (GIAI), destinados a fornecer conhecimentos básicos da legislação portuguesa, em todas as Lojas do Cidadão. No que toca à ligação com a criminalidade, o CDS propõe que em caso de condenação por crimes graves cometidos por titulares de vistos de residência, detidos em flagrante delito, a consequência seja a expulsão do país.

 O PNR aponta a imigração como uma das causas da actual difícil situação do país. Os nacionalistas consideram que a imigração em massa traduz-se numa ameaça à soberania, segurança dos portugueses, cria situações de injustiça para os trabalhadores portugueses, que se vêem confrontados com a “concorrência desleal de mão-de-obra mais barata vinda do exterior”. O PNR  fala num aumento generalizado da insegurança no país e aponta as suas causas: redes de crime organizado estrangeiras que operam em Portugal e gangues compostos por jovens de origem africana. Para dar resposta a este problema, o Partido Nacional Renovador defende a renúncia aos Acordos de Schengen, a criminalização do apoio à imigração ilegal, alterar a Lei da Nacionalidade para que os imigrantes “nunca possam recorrer ao subterfúgio de ter filhos em Portugal para poderem ficar a viver permanentemente no nosso País” e ainda, decretar o repatriamento imediato de todos os clandestinos para os seus países de origem. (http://e-clique.com/m3-portugal/2011/03/06/imigracao-um-problema-ou-uma-solucao/).

Enquanto não há um concenso entre os partidos políticos de Portugal, se os imigrantes são um problema ou uma solução, eles ficam, de um lado, aceitos como importantes para o desenvolvimento do país e aquecimento da sua economia; mas por outro lado, sofrem imensas discriminações, correndo o risco, inclusive de serem explusos do país.

 E QUANTO A NÓS, POVO DE DEUS? QUAL É A NOSSA POSIÇÃO?

Penso, que pelo facto de sermos cristãos, temos que nos posicionar, com relação aos imigrantes. E a melhor solução é aquela que a Palavra de Deus nos dá. Essa convivência entre nativos e imigrantes é muito antiga. Já na época de Moisés, e até mesmo antes, temos ouvido falar disto. O povo de Israel foi imigrante (estrangeiro) em muitas terras e este foi um dos motivos pelos quais Deus ordenou que eles deveriam tratar bem aos estrangeiros: “Também não oprimirás o estrangeiro;  pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito” (Ex 23. 9).

 O Senhor também não permitia que seu povo discriminasse ou oprimisse seus estrangeiros. Veja:

 “Uma mesma lei haja para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós” (Ex 12.49).

“Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus” (Lv 19. 34).

“Não perverterás o direito do estrangeiro e do órfão; nem tomarás em penhor a roupa da viúva” (Dt 24. 17).

“Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém” (Dt 27. 19).

“O SENHOR guarda os estrangeiros; sustém o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios” (Sl 146. 9).

“Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazendo violência ao pobre e necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão (Ez 22. 29).

Jesus disse que quem tratasse bem ao estrangeiro, estaria fazendo-o a ele: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me” (Mt 25. 35).

Há uma certa identificação, entre a realidade étnica do primeiro século e o fenómeno das migrações no Portugal actual: “E em Jerusalém (podemos ler: Portugal) estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.” Atos 2.5

Portugal, que foi peregrino e estrangeiro por tantas terras, foi desbravador de territórios “DANDO NOVOS MUNDOS AO MUNDO”, e emigrou para muitos deles, agora tem, dentro de suas portas, muitos imigrantes. Eles estão à nosso cargo, e segundo a Palavra de Deus, precisam ser amados, hospedados, e cuidados, sem discriminação, como vimos nos textos acima referidos. A expressão multi-culturas é algo, que de facto, estamos acostumados.

Quantas aflições têm de passar para a sua reinserção na cultura, costumes, trabalho, religião, etc.? Quantos sofrem com discriminações, racismo, imensas burocracias com os processos de legalização, falta de assistência médica, de emprego, etc? Será que já paramos para perguntar: se eles estão cá, o que Deus pretende com isto?

Este é um desafio. Hoje temos de alcançar os grupos étnicos aqui representados e dispor-nos a ajudá-los com aquilo que, muitas vezes sem eles saberem, é o que de melhor poderão levar desta experiência de imigração, ou seja: o Evangelho de Jesus Cristo.

A pergunta feita em Atos 2.12:“O QUE QUER ISTO DIZER?”, surgiu num ambiente de uma cidade carregada de diversidade étnica e linguística. Essa pergunta deve estimular-nos à reflexão. Tendo uma realidade multi-étnica muito semelhante a esta vivida num dia especial em Jerusalém. Como responderemos nós ao desafio missionário da comunidade imigrante entre nós? Independentemente da nossa resposta, Deus já está a trabalhar entre os milhares de imigrantes que estão paredes-meias a partilhar connosco este espaço e este tempo, tão especial nas nossas vidas. E PORQUE? Uma pergunta que nunca teve resposta, poderá neste caso particular ter a seguinte solução:

 Nós não fomos, Deus enviou-os até nós! E agora?

 (O texto a seguir é de autoria de Fernando Cunha, Ministério Alkantara / Igreja Baptista de Faro e responde a esta pergunta):


“AMAI O ESTRANGEIRO” (DT. 19:10 A)

Há vários anos, ouvimos falar de uma perseguição longínqua movida contra os cristãos nos países de governo comunista. Emocionamo-nos com os testemunhos vindos da ex-União Soviética, da Roménia, da China e da Albânia, entre outros. Certamente, até oramos pelos nossos irmãos e pela quebra de barreiras à pregação do Evangelho nesses países.

Há menos anos, tomamos consciência das perseguições nos países muçulmanos e nas tremendas dificuldades que se levantam contra a evangelização nesses países…

Mas não fomos! A esmagadora maioria dos missionários transculturais estão em países já alcançados. A Igreja portuguesa, há muito habituada a receber missionários do exterior tem-se mostrado fechada ao envio de obreiros.

Foi então que Deus os trouxe até nós. Dos países da ex-União Soviética, da China, de Marrocos, do Egipto e da Argélia, para só citar alguns. Eles estão cá!

E nós?

Chamamos-os de ladrões, dizemos que andam a roubar os nossos empregos e observamo-los como quem observa animais num zoológico. Mas foi Deus, quem os trouxe para nos entregar o enorme privilégio de os alcançarmos com o Evangelho de Jesus.

Temos em nossas mãos um campo de missões tremendo. Eles estão cá, e cá podemos evangelizá-los em liberdade (pelo menos por enquanto!)

Durante quase 40 anos de expedições a um país muçulmano, tenho sentido muito profundamente a dor de conhecer um país onde é proíbido pregar o Evangelho. Mas os muçulmanos estão cá, as suas mesquitas também, e nós o que fazemos?

Chegou a altura de fazer como Jesus disse: Levantar os olhos e VER. Chegou a altura de pedirmos ao Senhor que nos faça sentir a Sua paixão pelos perdidos e que essa paixão nos mova à acção.

Chegou a hora de buscarmos a Sua face, entendermos que Ele nos a entregou para ouvirmos as Suas estratégias para alcançarmos os que Ele nos enviou.

Somos responsáveis perante o Senhor por aquele muçulmano que trabalha ao pé de nós, por aquela senhora chinesa que nos atende na sua loja tantas vezes, por aquele egípcio, dono do restaurante onde vamos comer quando queremos celebrar algo importante. SOMOS RESPONSÁVEIS!!!

Não fomos, Deus enviou-os. Vamos agir?

Motivos de Oração:

  • Pedir perdão ao Senhor, por todos os maus-tratos e racismos que fizemos nossos imigrantes sofrer.
  • Para que Deus nos dê uma genuína e intensa paixão pelos imigrantes não-alcançados.
  • Pela salvação dos imigrantes que encontram-se em Portugal.
  • Para que a Igreja realmente, sinta-se responsável pelos imigrantes, entendendo o grande privilégio e a grande responsabilidade que Deus nos está a conceder. Precisamos amá-los e cuidar bem deles. Qualquer atitude hostil, é considerada pelo Senhor, como opressão e injustiça social e portanto, pecado.
  • Por uma boa integração dos imigrantes, na sociedade portuguesa.
  • Para que Deus destrua todo e qualquer preconceito e racismo que possa existir entre nós.
  • Em Portugal há igrejas inteiras com maioria de imigrantes e por causa de toda esta crise, muitos estão voltando para suas casas (muitos mesmo). Pr. Carlos, da Igreja Elim, mencionou este facto e pediu orações pelo imenso número de igrejas que estão perdendo seus membros.
Que Deus o abençoe! Daniele Marques.